Visão de Mundo, Paradigmas e Comportamento Humano

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

João Pessoa, 19 de maio de 1998

Uma palavra que vem sendo muito utilizada – e infelizmente, muito mal utilizada, até mesmo para justificar as mazelas do mecanicismo – com o fim de discernir a sutil mudança da sociedade a partir de uma nova maneira e/ou de novos insights compreensivos sobre a forma de se compreender o mundo: a palavra paradigma geralmente na utilzada no contexto de mudança de paradigmas, ou seja, a mudança de um conjunto de idéias básicas generalizadas e  compartilhadas sobre a maneira de funcionar do mundo para novas possibilidades de entendimento do real, mudando-se ou ampliando-se o entendimento convencional do real. Esta palavra foi popularizada pelo físico Thomas Kuhn em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas, publicado em 1962. 

      A palavra paradigma significa, portanto, um modelo ou um conjunto das formas básicas e dominantes do modo de se compreender o mundo e o modo de uma sociedade ou mesmo de uma civilização – do modo de se perceber, pensar, acreditar, avaliar, comentar e agir de acordo com uma visão particular de mundo, numa descrição mais aceita, culturalmente repassada pela educação, do que seja a nossa realidade, numa bem sucedida maneira de ver, se ver, nos vermos o/ou o mundo e que é culturalmente transmitida às novas gerações. Atualmente, vivemos numa era onde o triunfo capitalista estabelece algumas idéias como sendo “naturais” tais como a competitividade, a eficácia tecnológica e que o acúmulo de conhecimentos técnicos tão amplamente cultivados e incentivados, dentro do contexto de uma sociedade industrial e tecnicista qual a nossa, é o processo comum de se atingir o progresso geral, e onde as únicas avaliações válidas são as dos balanços contábeis sobre mercadorias, pouco ou nada se importando com o desenvolvimento humano ou com a preservação da natureza, a não ser se esta lhe trouxer lucros imediatos. 

    Assim,  valores mais humanos, como irmandade,  cooperação, comunidade, união e partilha de bens e informações soam estranhas, ultrapassadas ou sem um sentido de mercado utilitarista/pragmático dentro deste universo de entendimento/comportamento competitivo atual. A”mentalidade” dominante aceita leva a um comportamento compatível com a mesma, por isso podemos dizer que a época atual é a época do individualismo parcial levado ao mais alto grau, pois assim são, também, as empresas e instituições privadas, detentoras dos meios de produção e do processo de formação e distribuição de riquezas, ao mesmo tempo que da impessoalidade provinda da cultura e consumo de massas ligadas à indústria de produção em série e ao mercado financeiro e, por isso, as detentoras do acesso, ou não, da população ao mercado de trabalho. Como detêm o dinheiro e, conseqüentemente, o PODER econômico e político, estes não se cansam de gritar aos quatro ventos (com a conivência da mídia comercial) o capitalismo é o estado natural da humanidade. Se existem pessoas, grupos e organizações não governamentais que se preocupam com o homem, eles dão de ombros, pois a única coisa que realmente lhes é significativa é o máximo lucro obtido no menor prazo de tempo possível. Os homem só tem significado como produtor ou consumidor anônimo (de preferência, como consumidor) de mercadorias, tendo, ele próprio, se transformado em mercadoria no que se refere à questão do trabalho assalariado, ou como apêndice da máquina. De qualquer modo, a mercadoria, como objeto de venda e de lucro, tem primazia sobre o homem, pois este além de “dar trabalho”, é mais indócil que a mercadoria, que não se pode queixar da alienação, infelicidade e desajuste social. Aliás, quanto menos “homens” em uma fábrica, maiores os lucros.  O mais grave, porém, é que esta visão mecanicista e mercadológica de mundo é imposta constantemente pelos meios de comunicação, e, como uma sutil lavagem cerebral, vai sendo incorporada ao psiquismo coletivo, sem grandes questionamentos.

     Lewis Munford observa que “Cada transformação do homem… apóia-se numa nova base ideológica e metafísica (= visão de mundo); ou melhor, sobre as comoções e intuições mais profundas, cuja expressão racionalizada assume a forma de uma teoria ou visão de cosmos, homem e natureza” (cit. in Harman, 1989). 

    Cada sociedade existente ou que já existiu tinha por base – o que lhe dá ou davam suas características próprias – alguns pressupostos  comuns, compartilhados a toda a sua população, ou à uma parcela significativa dela, na forma de um conjunto de premissas básicas que dão identidade à uma forma de ser no mundo. Estas pressuposições básicas são formadoras do pensamento coletivo e constituem um conjunto de referenciais teóricos (ainda que tacitamente vigentes) e que estabelecem em linhas gerais quem somos, em que tipo de universo estamos, e o que é importante ou não pa nós (ou que pensamos ser para nós). Muitas destas pressuposições são visíveis na constituição de instituições e costumes culturais (por exemplo, na divisão tripartite dos poderes no Estado moderno, elaboração e criação feitas pelo Iluminismo), padrões de pensamento e sistemas de valores vigentes na sociedade, e são tão aceitas, como lugar comum, que são ensinadas de modo indireto pelo contexto social em que se vive, ou/e tão assimiladas e introjetadas que passam a ser encaradas (caso se pensam nelas), como o óbvio (por exemplo, a competitividade das pessoas refletindo a das empresas que, por sua vez, refletem a “natural” competitividade animal – que realmente tem bem pouco da feroz competitividade refletida do homem,etc) e dificilmente são questionados.

     Mas, dentro de nossa época mecanicista e altamente neurótica, que tipo de evidência há que nos mostre que isso, esse império ideológico, está a se transformar? Bem, para podermos indicar estes indícios ( uma pessoa do século XVII também não tinha muita consciência da revolução científica que estava se processando em seus dias ) teremos que nos ater ao modo como a ciência tem formulado a atual visão de mundo, visão mecânica e pragmática, bem evidenciada, enquanto crítica social, no filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin…

     Em todo o processo de desenvolvimento humano, nossos atos sempre seguem em harmonia com um entendimento ou concepção de mundo, já o dissemos. Igualmente, por ser formada por homens, a ciência, em todas as suas fases de desenvolvimento, nos mostra que a teoria e a prática científicas são baseadas em uma visão de mundo implícita, em especial na dos econômicos setores que financiam a pesquisa científica. Ou seja, tanto o homem/mulher comum quanto o cientista – que também é um homem/mulher comum com um treinamento mais aprofundado em certas técnicas de pesquisa, procuram explicar os fenômenos que lhes interessam dentro de um conjunto de pressupostos mais ou menos conscientes, que são as linhas lógicas que estabelecem o vínculo do raciocínio. A diferença entre o homem comum e o cientistas está em que este último geralmente adota – e isto é ainda mais real na ciência moderna – um conjunto de pressupostos que o fazem explicar os fenômenos de uma maneira apropriada a certos critérios aceitos como sendo científicos, critérios estes que em muitas ciências apresentam um aspecto reducionista, ou seja, explicado a partir da redução de fenômenos complexos a certos elementos ou acontecimentos elementares. O sucesso e o poder deste método é o que estabelece que o que é “verdadeiro” é o que pode ser enquadrado no critério da medição, da mensuração e das relações numéricas, garantido a tal da objetividade científica, ou seja, de fatos constatáveis por todos (ou quase todos, já que o formalismo matemático há muito que se transformou numa linguagem esotérica, acessível a uma minoria de iniciados ), sendo as impressões psicológicas e emocionais elementos subjetivos que devem ficar longe do domínio do cientificismo – crença irracional e fanática na “verdade” e no “poder” da ciência – a nova “religião” dominante, mesmo não sendo necessariamente a melhor…

      Esta tendência matemática e reducionista da ciência teve inúmeras repercussões e trouxe, sem dúvida alguma, seus frutos úteis, principalmente por distinguir as explicações objetivas de interpretações simplórias como as dos caprichos de deuses, demônios e outras entidades fantásticas, ou de interpretações equivocadas, como os postulados da física de Aristóteles, ou a visão de universo de Ptolomeu, por exemplo. Porém, como todo conhecimento humano, está vinculada a uma época, é fruto de um momento histórico e possui suas limitações, tanto que teorias – por mais bem sucedidas que sejam em dado momento – são sempre substituídas por outras, ainda melhores.

     Nunca é demais falar do impacto deste paradigma dito “científico” nas chamadas ciências humanas. Por exemplo, em Psicologia e Neurologia, até fins dos anos 50, a principal característica básica das ciências do comportamento estava na ênfase em que somente atitudes e estímulos mensuráveis poderiam ser pesquisados seriamente; daí a forte influência do Behaviorismo na América capitalista, tendo moldado várias gerações de psicólogos. Nestes termos, o domínio da experiência psicológica subjetiva só poderia ser considerado se fosse redutível à análise e medida do comportamento observável, dentro dos critérios de estímulo e resposta. Enfoques que tentavam a tratar da percepção e da consciência, como a das escolas da Gestalt , fenomenologia e outras, eram desprezadas, e só a muito custo – devido ao poder político dos médicos – a psicanálise pôde fincar raízes nos meios acadêmicos da América. Cientistas comportamentais (behavioristas) se mostraram altamente contagiados pela obsessão de fazer de sua ciência uma “física humana” ao proclamarem que uma psicologia só seria confiável se fosse erguida sobre sobre os critérios de estímulos e respostas, como as forças de ação e reação da dinâmica newtoniana, e que era pura fantasia tentar erguer uma ciência calcada em relatos individuais de experiências subjetivas internas. (Harman, 1989; Capra, 1986; Grof, 1988). 

    A sociologia, ciência que teve  seu nascimento formal em meados do século XIX, se desenvolveu justamente no rastro da racionalidade  cada vez mais materialista das ciências naturais e físicas [pré-Einsteiniana e pré-física-quântica] e de seu método cartesiano, já obtido o amplo reconhecimento da academia como de extrema eficácia para se atingir uma “verdadeira” compreensão da natureza, e, portanto, apta a substituir as cristalizadas e enferrujadas religiões dogmáticas para explicação da origem e funcionamento do mundo. A possibilidade de descobrir todas as leis naturais do mundo, seguindo o exemplo bem sucedido as leis do movimento de Newton, por meio de procedimentos de experimentação, dedução e indução, por terem sido bem sucedidos na biologia e na medicina (embora em parte), havia estimulado uma euforia racionalista e acabando por adquirir  “parte da sacralidade que antes pertencia às explicações religiosas: a de descobrir e apontar aos homens o caminho em direção à verdade. A ciência já não parecia uma forma particular e especializada de saber, mas a única cazpaz de explicar a vida, abolir e suplantar as crenças religiosas e até mesmo as discussões éticas. Supunha-se que, utilizando-se adequadamente os métodos de investigação, a verdade se descortinaria diante dos cientistas – os novos ‘magos’  da civilização -, quaisquer que fossem suas opiniões pessoais, seus valore éticos sobre o bem e o mal, o certo e o errado ” (CRISTINA COSTA, Sociologia, p. 41 Ed. Moderna, 1999).

    Assim sendo, a ciência têm estimulado e influenciado uma visão de mundo em que tudo o que existe existe de forma fortuita e se relaciona com as demais coisas de uma maneira mecânica, previsível, controlável e mensurável.  A mesma maneira pela qual deve seguir e agir o mercado financeiro que junto com a indústria financiava e promovia o desenvolvimento da ciência e da tecnologia…

      O sucesso desta abordagem em psicologia sempre causou algum incômodo em todos, até mesmo entre os behavioristas, e atingiu muitas pessoas. O romance de Anthony Bourughs, A Laranja Mecânica, posteriormente transformado em um filme de sucesso dirigido por Stanley Kubrick, fez uma ácida crítica ao pensamento mecanicista behaviorista, que teve seu maior teórico em B. F. Skinner. Afinal, se a consciência não existia senão como um epifenômeno biológico, como dar valor a única realidade experiencial direta que temos que é a nossa percepção consciente??? É algo muito estranho, anti-natural mesmo, que a ciência queira repudiar a consciência como “uma realidade causal”, quando temos a profunda convicção e certeza de que é o nosso querer, junto com a nossa reflexão íntima, em suma, nossa consciência que nos faz agir sobre o mundo e decidir nossas ações.

      E se a mente não existe a não ser como subproduto da atividade cerebral assim como a urina é um subproduto dos rins, que tipo de conseqüências isso traz com respeito aos valores e ao livre-arbítrio humano? A mente existe ou não existe? O que é que, dentro do cientista, compreende, escolhe, aprende, “intui” e explica? Segundo a ciência mecanicista, as maravilhas do pensar humano nada mais são que frutos da complexidade de um cérebro que se desenvolveu de modo casual e acidentalmente através de longos milhões de anos de evolução cega, submetido a um tipo de “seleção natural” igualmente mecânico. Guardando as proporções, isso é o mesmo que dizer que um satélite espacial de telecomunicações pode muito bem surgir da explosão de uma mina de ferro e de silício. Sendo assim, tanto o pensar racional humano, quanto os instintos dos animais, bem como o desenvolvimento de sistemas fisiológicos altamente complexos e inimitáveis, como os olhos, nada mais seriam que fortuitas combinações de átomos que deram certo ao longo de uma evolução sem objetivo algum além do de se combinar elementos bioquímicos de acordo com as leis da natureza juntamente com a mágica da seleção natural.

      Mesmo que algo nesta concepção de realidade (advinda de uma visão de mundo onde toda a natureza e as criaturas que a habitam não passam de máquinas biológicas, mas máquinas assim mesmo) nos deixe meio que desconfiados de que algo de importante está sendo deixado de lado, ela foi amplamente aceita e, por sua força e influência, rejeitou todas as inúmeras evidências de que esta explicação, na verdade, explica muito pouco e mal a realidade em si. Aliás, foi este tipo de visão de mundo que veio a desacreditar muitos dos valores humanos e humanistas, incluindo os de igualdade e fraternidade, lema de todas as revoluções. Além disso, existiam certos acontecimentos e fenômenos que não se encaixam de modo algum dentro desta visão de mundo mecanicista global e constituem-se em verdadeiras anomalias desta abordagem. Através dos séculos, das culturas, das modas e dos acontecimentos, fala-se sempre de um tipo específico de fenômenos psicológicos que escapam gritantemente da abordagem mecanicista da ciência, entre eles a telepatia, a intuição, a vidência à distância e muitos outros, confirmados por pesquisadores sérios e célebres (Jung, 1987;Grof, 1988; Weil, 1986; Fadiman & Frager, 1986). A ciência convencional ofereceu um grande número de explicações possíveis e prováveis, algumas delas tão complexas quanto realmente fantasiosas, na tentativa de demonstrar que, por não estarem de acordo com o paradigma vigente, estes acontecimentos não passam, na melhor das hipóteses, de equívocos. Vários cientistas de grande competência se alistaram de ambos os lados, dos que acreditam na veracidade dos fatos transpessoais, e dos que os negam. De qualquer forma, cresceu muito os que engrossam a filas dos primeiros nos últimos trinta anos (Walsh & Vaughan, 1992).

      O que mais irrita nestes ditos “fenômenos anômalos” aos cientistas mecanicistas é o fato de que eles parecem confirmar que a mente, esse ser fictício, pode agir diretamente sobre os meios físicos. Só que eles se esquecem de que é isso mesmo que ela faz o tempo todo, em nossas vidas. É a minha decisão mental de andar que me leva daqui para ali, e são minhas atitudes mentais frente à vida e às dificuldades externas que me levam a tomar atitudes, que criam ou atenuam nosso stress e que, em última análise, influenciam todo o meu organismo e meu comportamento, como vemos nas sessões de hipnose, biofeedbak, etc. A mente pode até mesmo causar doenças, como o câncer, como já está mais que suficientemente provado por inúmeras pesquisas, assim como pode levar a melhoras e a cura, como no tal efeito placebo. Seria muito irreal negar, como fazem os grandes cientistas mecanicistas, especialmente os behavioristas radicais, que a nossa mente não tem qualquer efeito sobre as nossas ações no mundo físico. Assim sendo, o posicionamento de vários cientistas de vanguarda, tais como Carl Jung, Roger Sperry, Fritjof Capra, Stanislav Grof e inúmeros e inúmeros outros ao enfantizar a realidade mental como uma realidade causal traz um impacto semelhante ao de Copérnico ao reformular os sistemas astronômicos no século XVI, dando início à revolução científica que teve nomes como Galileu, Descartes, Newton, LaPlace e tantos outros.

      Roger Sperry, prêmio Nobel de Medicina em 1981, escreveu um artigo para a Annual Review of Neuroscience, de 1981. Tradicionalmente, esse artigo deveria passar em revista as conquistas da abordagem biomédica na abordagem mecanicista da ciência, reforçando a visão de mundo reducionista convencional. Mas, ao contrário, Sperry tratou da área e da importância da experiência subjetiva, que, de certa forma, ainda era negilgenciada, e demonstrou o progresso em ciências biomédicas em termos do interesse de alguns pesquisadores no estudo da consciência:

“Os conceitos atuais da relação mente-cérebro envolvem uma absoluta ruptura com as doutrinas materialistas e comportamentais, há muito instituídas, e que dominaram a neurociência por muitas décadas. Em vez de renunciar à consciência ou de ignorá-la, a nova interpretação confere pleno reconhecimento à primazia da percepção consciente interior como realidade causal“.

      Como nos diz Willis Harman, “assim como a frase ‘A Terra gira ao redor do Sol’ converteu-se, de certa forma, na súmula inadequada da revolução copernicana, assim também tornou-se ‘a consciência como realidade causal’ a súmula da ‘segunda revolução copernicana’ (Harman, 1989). Mas, seguindo o pensamento de Harman, devemos lembrar, recordando-nos da insistência de Sigmund Freud, de que nossos processos mentais inconscientes também são processos causais, definindo muito de nossas crenças e comportamentos. Assim, precisamos estudar a amplidão destes elementos nas crenças inconscientes.

      Freud, Jung e outros teóricos têm constantemente demonstrado que todos nós temos uma série de crenças que nos faz – de modo automático – conceitualizar a nossa experiência, pessoal e coletiva. São crenças quanto à história, crenças quanto ao futuro, quanto ao que deve ser valorizado ou feito. Mas, o mais importante, é que algumas destas crenças são inconscientes.

      Freud demonstrou que as pessoas, sem se dar conta destas crenças inconscientes, as deixam transparecer por inferência de seu comportamento, por exemplo, no caso clássico dos lápsos de linguagem, ou dos atos compulsivos, dentre tantos outros. Um outro caso clássico, visível na psicoterapia e na educação, é a crença inconsciente na própria inferioridade ou incompetência, mesmo que, conscientemente, se diga o contrário. E, assim, estas pessoas acabam por promover ações e ocorrências que lhes indicam a sua incongruência íntima, usando a terminologia de Carl Rogers.

      Assim, embora tenhamos consciência de uma grande parcela de nossas crenças, as que estão fora de nossa percepção consciente nem por isso deixam de estar atuantes, influenciando nossos comportamentos. O grau de autonomia individual vai depeder do graude congruência psicologógica do indivíduo, tal como nos expressa Rogers. Não sabemos, realmente, do grau de crenças ou no que acreditamos inconscientemente, mas é muito provável que estas sejam de uma ordem ou qualidade bem diversas de nossas crenças conscientes (Freud, 1916; Grof, 1988; Harman, 1989).

      “O sistema total de crenças de uma pessoa consiste num conjunto de crenças e expectativas – expressas ou não, implícitas e explícitas, conscientes e inconscientes – que ela aceita como verdadeiras com relação ao mundo em que vive.

      “Esse sistema de crenças não precisa ter consistência lógica; na verdade, provavelmente nunca a tenha. Pode ser dividido em compartimentos contendo crenças logicamente contraditórias que, de maneira típica, não assomam à percepção consciente nas mesmas ocasiões. Inconscientemente, a pessoa rechaça os sinais que possam revelar tal contradição interior. Observem que essa decisão de não se tornar conscientemente cônscio de algo é inconsciente. Nós optamos, como também acreditamos inconscientemente (…)

      A forma como percebemos a realidade é fortemente influenciada por crenças, adquiridas do meio, de forma inconsciente. Os fenômenos de recusa e de resistência na psicoterapia ilustram a intensidade com que tendemos a não ver coisas que ameaçam imagens profundamente enraizadas, conflitantes com crenças bastante conservadoras. Pesquisas sobre hipnose, auto-expectativa e expectativa por parte do pesquisador, autoritarismo e preconceito, percepção subliminar e atenção seletiva, demonstram reiteradamente que nossas percepções e ‘verificações’ da realidade são influenciadas. muito mais do que geralmente se acredita, por crenças, atitudes e outros processos mentais, sem o que grande parte desses processos é inconsciente. Percebemos que o que esperamos, o que nos foi sugerido que devêssemos preceber, o que ‘precisamos’ perceber – a tal ponto que poderíamos ficar chocadas se o percebêssemos conscientemente.

      “Essa influência de crenças sobre a percepção se intensifica quando um grande número de pessoas acredita na mesma coisa. Os antropólogos culturais documentaram em detalhe de que modo pessoas que crescem em culturas diferentes percebem com clareza realidades diferentes”.

Willis Harman, 1994

      Os fenômenos da sugestão hipnótica nos mostram muito claramente, e de forma dramática, o quanto a mudança de crenças podem alterar a percepção e a sensação, até mesmo fazendo o sujeito “ver”, “ouvir” e “sentir” um objeto ou pessoa que não está presente. Enfim, o nosso modo de “perceber”, “sentir” e “experimentar” a realidade é altamente condicionado por nossas crenças arraigadas, principalmente as crenças paradigmáticas coletivas. Estas crenças, por sua vez, são afetadas positivamente pela maneira de atuar sobre a realidade, a partir de seus referenciais – que, claro, reforça as crenças e o paradigma. Se ocorre alguma “anomalia”, sentimo-nos tão pouco à vontade, que relegamos o fato ao mundo do erro de experimentação, ilusão ou simplesmente são esquecidos.

      “Pois bem, cada um de nós, a partir da infância, está sujeito a uma complexa série de sugestões advindas do meio social que, com efeito, nos ensinam a perceber o mundo” (Harman, 1994). Por exemplo, todos nós sabemos como uma visão de mundo bastante tendenciosa é posta por meio da propaganda do atual governo Federal brasileiro, altamente incongruente com a realidade nacional. Da mesma forma, a sociedade e a cultura nos passam uma visão de mundo que, para ela, é o correto, mesmo que surjam o tempo todo fenômenos que lhe apontem as mazelas.

    De fato, vivemos hoje uma era de defesas e contradições altamente racionalizadas, na busca frenética pela justificação destas nossas mesmas contradições, tomando por base o sistema capitalista. Segundo Antônio Houaiss e Roberto Amaral, “os raciocínios fundadores de certas práticas, mais que teorias, de certa parte da imprensa internacional e da quase totalidade da boa imprensa terceiro-mundista, e, nela, conspicuamente, a brasileira, autoritariamente unânime, são uma ciranda de lógicas e paralógicas que assumem ares de filosofia da História e se fazem triunfalistas, condenando não apenas os erros do passado, mas – como se apresentam oniscientes – os erros presentes e os erros futuros: fora do capitalismo – com suas moralizações, o imperialismo (…), o transcapitalismo, o gerencialismo, o oligomonopolismo, o monopólio da mente, da técnica e da ciência, da formação e da informação… a Globalização econômica (sob os auspícios dos EUA, evidentemente), enfim – fora do capitalismo (repitamos) não há salvação, tanto (é óbvio) para os já salvos, quanto (é muito mais óbvio) para os salvandos, salaváveis e salvaturos: a estes, só se lhes pede compreensão, inteligência e paciência. Apenas mais dois, três seculozinhos, quem sabe?”(Houaiss & Amaral, 1997, adaptado).

      Um outro exemplo, o capitalismo, em sua guerra ao comunismo detrator dos direitos humanos, financiou um grande número de golpes militares na América Latina e Ásia, cujos horrores e torturas aos civis são indizíveis. Da mesma forma, a industria sofisticada – em seu mito de progresso material – tem sido um verdadeiro câncer ecológico, rompendo o bem-estar de inúmeras pessoas, povos e espécies, principalmente nos trópicos. Ou, então, impõem seu sistema de tratamento, por exemplo, da saúde, como prevenção a que doenças do Terceiro-Mundo não atinja os países do Primeiro Mundo, muito embora a Educação em Massa seja um aspecto negligenciado, taticamente, nos primeiros países, mas extremamente bem sucedida nos últimos. O mito do super-sábio médico alopata, o super sacerdote da saúde, financiado pelos cartéis da indústria farmacológica, tem feito mais de um profissional inflar seu orgulho, mesmo às custas de vidas humanas, etc. Mas estas experiências que são apontadoras de anomalias são, sempre, “corrigidas” para que, através de racionalismos, não sejam mais percebidas, graças ao poder do paradigma dominante… “E, sendo assim, cada um de nós é literalmente hipnotizado desde a infância para perceber o mundo da maneira pela qual as pessoas da nossa cultura o percebem” (Harman, 1984).

    Mais uma vez nos ensina os professores Antônio Houaiss e Roberto Amaral, como exemplo máximo dos papeis do paradigma cartesiano na economia e na política de nosso país: “O Brasil, segundo o BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento), conquistou, em 1996, pelo segundo ano consecutivo, o troféu de campeão mundial de desigualdade social, disputado com Botswana, jovem país africano. De acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), do Ministério do Planejamento, os 50% dos brasileiros mais pobres detinham 11,6% da renda nacional. Em 1994, os mesmos 50% detinham 10,4% da renda nacional. Apesar da pequena melhora, a situação de 1995 é pior que em 1991, quando os 50% mais pobres detinham 13% da renda nacional. Também em 1995 os 20% mais ricos ficaram com 63,3% da renda nacional (…) (cf. “Brasil é campeão da desigualdade social”, in Folha de São Paulo de 09.07.97) (Houaiss & Amaral, 1997, página 231).  Apesar desta gritante desigualdade (sem falar em inúmeras outras, como a da distribuição agrária, estúpida e opressora desde os descobrimento do Brasil), a mentalidade da maior parte da “elite” nacional concorda com a forma de administração do governo dentro dos padrões liberais ditados pelos países economicamente dominantes, pois o mote do Neoliberalismo implica em que tudo isso (a concentração de renda nas mãos de uma minoria) é normal dentro do que se chama do neodarwinismo econômico e político: “a disputa de mercado pelos países (e dentro de cada país pelos seus nacionais entre si) é um processo de seleção do mais forte, e por isso o capitalismo de hoje é o capitalismo de quem tem a melhor capacidade de sobreviver. A neossemântica não fala mais nem em lei da selva, nem em imperialismo: o discurso dominante varia entre ‘modernidade’ e ‘globalização’ (…)” (Houaiss & Amaral, 1997, página 232). No final, como bem colocam os ditos autores, o mundo foi reduzido a gráficos e contas de onde foi expulso, e se considera penetra indesejável, o ser humano. Mais uma vez percebe-se o quanto os modelos científicos – que descrevem simbolicamente as principais características ou dimensões dos fenômenos que representam – moldam-se e se combinam no sentido de se transformarem em óculos que determinam a percepção e a filtragem do que aceitamos como realidade. No caso, a teoria biológica evolucionista de Darwin, com sua ênfase na sobrevivência do mais forte, cai como uma luva na justificação das contradições humanas do capitalismo, que, por sua vez, incentiva uma ciência sempre mais voltada para uma compreensão “darwinista” da natureza, ad infinitum, na aberração chamada Darwinsmo Social. Algo semelhante foi feito pelos nazistas a partir da genética, com base numa tal pseudo-superioridade da raça ariana…

    “(…) Os modelos, em especial quando implícitos, pressupostos ou não-questionados, vêm a funcionar como organizadores auto-realizáveis e autoproféticos da experiência, que modificam a percepção, sugerem áreas de pesquisa, dão formas à investigação  e determinam a interpretação dos dados e experiências. A natureza auto-realizadora e autoprofética desse processo indica que os modelos são autovalidadores. Isto é, os seus efeitos na percepção e na interpretação favorecem a sua própria validade, moldando a percepção de maneiras autoconsistentes. Em outras palavras, tudo o que percebemos tende a nos dizer que os nossos modelos e crenças são os corretos, em detrimento de outros, de outros pensadores e de outras culturas. O maior perigo desse efeito reside no fato de a sua operação ser quase toda inconsciente (…)” (Walsh & Vaughan, 1992, página 19).

      Mais de um antropólogo e outros cientistas sociais descrevem como algumas sociedades ditas primitivas usam de certos “poderes”, que para o ocidente são impossíveis, de modo corriqueiro em suas vidas diárias, e que funcionam tanto quanto as terapias respeitadas convencionais do ocidente. Temos assim os xamãs, os médiuns, os curandeiros e muitos outros. É até interessante como um sistema não ocidental de cura e tratamento de doenças, como o chinês, tenha tido uma aceitação considerável entre os médicos ocidentais, já que ele se apóia num conceito de corpo-mente-energia que é desconhecido na alopatia ocidental, tendo apenas analogia com a homeopatia. E hoje, usando de seu poder político, os médicos brasileiros conseguiram que só eles possam usar a acupuntura…

      Outros fenômenos que antes eram considerado impossíveis, como o auto-controle das funções corporais como batimentos cardíacos, temperatura corporal e pressão sanguínea que são freqüentes entre os yoguis indianos, são agora reconhecidos como possíveis, através de experimentos técnicos de biofeedback.

      Estes vários exemplos ressaltam a dificuldade que temos em reconhecer o quanto a ‘realidade’ que percebemos é peculiar à nossa hipnose cultural. Tendemos a achar curioso o fato de que outras culturas ‘tradicionais’ ou ‘primitivas’ percebam a realidade de forma discrepante do ponto de vista global da ciência moderna. É muito penoso alimentar o pensamento de que nós, na moderna e tecnológica sociedade ocidental, podemos ter as nossas próprias peculiaridades culturais quanto ao modo de perceber o mundo, e de que nossa realidade possa ser tão intrinsecamente provinciana quanto a da Idade Média nos parece hoje. Uma vez que a ciência ocidental é o ‘melhor’ sistema já concebido de saber, parece razoável que consideremos nossos valores ‘normais’, nossas preferências ‘naturais’ e o nosso mundo percebido e medido, como uma máquina sujeita ao homem técnico, o ‘real (Harman, 1994, com adaptações).

      Onde está os indícios de que nosso paradigma está se modificando? No reconhecimento das falhas de nossa visão de mundo e no ressurgir de uma concepção mais ogânica, holística, ecológica, transpessoal e humana do homem na natureza. Na aceitação de que nossa visão de mundo não é a melhor. Que as outras, em sua diferença, têm muito a nos dizer e ensinar, inclusive sobre nós mesmo… de que o universo é muito mais sutil e complexo do que o que nos faz crer nossa “vã filosofia” científica, ou melhor, cientificista…

     É interessante notar o paradoxo entre algumas ciências humanas, ansiosas por fazerem de suas disciplinas campos mais científicos de acordo com os paradigmas da física clássica newtoniana, e a grande mudança de paradigma ocorrida na própra Física moderna, cada vez menos mecanicista e determinista.

    Desde a revolução conceptual ocorrida na década de vinte, com o desenvolvimento da Física Quântica, que está cada vez mais claro – pelo menos para muitos físicos célebres e importantes – que a ciência, através de seu desenvolvimento e descobertas, apresenta uma visão de mundo que é apenas um modelo, ou um mapa temporário, uma construção intelectual, parcial, da realidade, e que deve passar por inúmeros retoques, ou até mesmo ser completamente reformulado, através do tempo, à medida que novos insights e novas descobertas – muitas delas incompatíveis com a visão de mundo dominante – ganham terreno. Portanto, para muitos físicos, filósofos, psicólogos e antropólogos, bem como para ecologistas e outros estudiosos sistêmicos, não é surpreendente a descoberta de que um dado modelo é como uma janela que nos permite ver parte da realidade sem, contudo, apresentar uma adequada visão para toda a complexa realidade, que extrapola – e muito – a área de observação da janela-teoria aceita.

     O conceito de complementaridade, introduzido por Niels Bohr na Física, pode muito bem ter sido um dos pontos altos mais significativos da ciência nos últimos duzentos anos, levando a um processo de maturação em ciência cujas conseqüências ainda trarão gratas surpresas. Por este conceito, formas aparentemente contraditórias de se compreender uma fenômeno passam a ser aceitas como complementares, integrando o conhecimento que temos. O exemplo clássico é o do estudo dos fenômenos luminosos, onde modelos de descrição das características da luz – os modelos ondulatórios e de partículas – que, pelo paradigma clássico são incompatíveis – passam a ser ambos aceitos para a descrição de certos aspectos observáveis da luz. Da mesma forma, as ciências humanas bem que podem romper com os grilhões de sua obsessão mecanicista-mensurável para se lançar numa integração complementar de teorias que englobassem, como na física, sistemas complementares corpo-mente-consciência-ecologia.

     Sem tocarmos em inúmeros exemplos da Física, onde o paradigma mecanicista e reducionsta ruiu completamente, como vemos muito bem exemplificado na Teoria de Bell, e outras, basta por hora citar que o grande físico teórico David Bohm formulou uma teoria holística onde não podemos jamais entender a realidade em termos de campos ou partículas apenas; é necessário perceber o todo não fragmentado, as caraceterísticas do conjunto, não a análise sempre mais fragmentada das partes.

     Este entendimento da evolução perceptual na ciência modelo, a Física, pode nos liberar para vôos mais altos num sistema mais complexo que o da matéria inerte e mercantilizável, cujos valor extrapolou o domínio do paradigma científico e atingiu sistemas complexos, qual a da sociedade humana que, de tão fiel à visão reducionista da ciência clássica, acabou por se fragmentar e mecanizar ao extremo.

     Isso aponta para grandes paradoxos de nossa civilização, tal qual a corrida armamentista incontrolável, aumentando as possibilidades de uma catástrofe bélica, em nome da segurança nacional, mas, na verdade, em nome da hegemonia da atual única super-potência, ou a desigualdade da distribuição de riquezas, amparadas que são por gráficos extremamente belos em termos cartesianos, mas humanamente pífios. E neste desequilíbrio extremamente doloroso, desumano, cruel e cínico, as organizações políticas colocam em posição de destaque, como o ponto alto do desenvovimento social, as frias e calculistas instituições econômicas, voltadas para o dinheiro e sua multiplicação para o bem de uns poucos, em detrimento de instituições voltadas para o bem-estar humano, ecológico e global.

    Não existe nenhuma razão óbvia e/ou natural para que se acredite que a lógica matemática dos valores econômicos conduzam a cada vez mais sábias e humanas decisões sociais. E, em nome do crescimento econômico, a opinião pública deve ser amplamente moldada nos valores do capital. A frugalidade, o equilíbrio, antes consideradas virtudes e condição para a saúde mental individual e coletiva, é cada vez mais desencorajada diante de modelos de consumo e imagens de venda, pois a frugalidade é prejudicial à economia. Que importa o câncer? “Vá ao sucesso com o cigarro H…”

     À pergunta “por que tanto consumo?”, a resposta racionalizada é “para escoar a produção”, qualquer que seja ela, inclusive a armamentista. Os indicadores econômicos, como o PIB, são essencialmente padrões de aparência, mas que nos indicam que o crescimento estúpido de consumo está a exaurir de forma irreparável os recursos naturais, que deveriam ser patrimônio de toda a humanidade e não só desta, mas de futuras gerações e de outros seres vivos além dos humanos.

     É realmente saudável que num planeta com recursos naturais não renováveis e outros em cujo equilíbrio ecológico está sendo destruído, incentivar a velocidade de consumo, principalmente pela minoria dos países ricos? A resposta capitalista seria: “é bom para criar empregos e para dar poder de compra, e fazer a roda girar, fazendo tudo de novo” (adaptado de Harmann, 1989). Bom, mas sendo assim, será que estes empregos e esta visão estará devotada ao desenvolvimento do homem, do humanismo como um todo, ao embelezar as cidades, cuidar do meio ambiente, promover uma relação integrativa entre todos? “Não”, reponde o capitalista, ” estas coisas são consideradas desperdícios econômicos, não dão lucros, e são perigosas para o capitalismo. Deve-se produzir coisas que dêem dinheiro de forma rápida e faça o povo ficar acomodado. Assim, vamos lançar cada vez mais jogos de computador, que exijam o equipamento mais moderno para incentivar o consumo, casas pré-fabricadas para a uniformização dos gostos, e coisas assim. Além do mais, é necessário que o capital tenha o máximo controle de tudo, garantindo sua sobrevivência à longo prazo, e tenha em mãos os meios de propagar sua ideologia. Por isso é necessário a privatização de estatais e o controle da informação, principalmente através das mídias mais populares, como a televisão, que é um veículo comercial”.

     A produção econômica, num círculo vicioso, onde se busca manter o máximo poder, é considerada a base primordial da relação social. Grande parte das profissões e cursos universitários mais bem aceitos implicam a inserção na máquina capitalista, mesmo que sejam cursos onde a pessoa aprende a manipular a vontade de outros, como Marketing e Publicidade. Além disso, à medida que a globalização ideológica econômica vem atingindo os limites do mundo, a racionalização dos lucros impõem um grau de automação tecnológica que visa a eliminar mão de obra, e, assim, os empregos…

     Mas nosso país têm homens ilustres, intelectuais, não têm? Vai ver que esse é exatamente o problema. Estes são pessoas que são ciosas de seu intelecto, que acredtiam ser mais do que são e pensam em termos de duas dimensões: só entendem os gráficos no papel. A forma artificial deles os levam a optar pelas decisões que apontem em crescimento dos gráficos cartesianos, que levem em conta o custo-benefício de instituições, bancos e empresas no tempo mais rápido possível para que eles mesmos tenham os louros do dinheiro, da fama e da vaidade. Tome-se o exemplo do imperador FHC…. E isso tudo não tem dado mais segurança, bem-estar social ou desenvolvimento da qualidade de vida, muito pelo contrário. Cada vez mais a população é forçada a agir e a doar suas forças, sonhos e anseios para que este sistema corrupto sobreviva e cresça.

     A única solução para tudo isso é mudarmos radicalmente nossos valores, e percebernos a força que há me nós, seres humanos, para mudarmos o quadro reducionista que o século XX, infernal e mecanicista, tem nos dado e feito acreditar como o único válido. Ou mudamos, ou deixamos de ser humanos para sermos tecnocratas, como o Darth Vader, o general negro do filme Guerra nas Estrelas….

Bibliografia Sugerida e Links:

  • Capra, Fritjof: O Ponto de Mutação, Ed. Cultrix, São Paulo,1986.
  • Fadiman, J. & Frager, R. : Teorias da Personalidade, São Paulo, Harbra, 1986.
  • Freud, Sigmund: Cinco Lições de Psicanálise, Imago Editora, 1986.
  • Grof, Stanislav: Além do Cérebro, McGraw-Hill, 1988.
  • Harman, Willis: Global Mind Change, Institute of Noetic Scientes, 1989.
  • Harman, Willis: Uma Total Mudança de Mentalidade, Cultrix/Pensamento, São Paulo, 1994.
  • Houaiss, A. & Amaral, R.: Socialismo: Vida, Morte Ressurreição, Ed. Vozes, Petrópolos, 1997.
  • Jung, Carl: O Homem e Seus Símbolos. Ed. Nova Fronteira, 1977.
  • Walsh, R. N. & Vaughan, F.: Além do Ego. Ed. Cultrix/Pensamento, São Paulo, 1992.

Disponível em http://www.oocities.org/Vienna/2809/paradigma.html acessado em 08/01/2014 e transcrito com autorização do autor.

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